Baianasystem leva prêmio de disco do ano do Multishow
- Igor Martins
- 28 de out. de 2016
- 3 min de leitura
Os integrantes do BaianaSystem ainda nem acreditam, mas tiveram seu novo "Duas Cidades" eleito como disco do ano no Prêmio Multishow. "Como assim nosso disco venceu o de Elza Soares?", questiona o vocalista Russo Passapusso. Formada há sete anos em Salvador, o grupo é figurinha presente nos principais festivais do país, está escalado para o Lollapalooza 2017 e, neste ano, teve uma música, "Playsom", integrada à trilha sonora do popular jogo "Fifa 16". Afinal, o que é que o BaianaSystem tem?
"Não fomos na premiação porque estamos numa loucura de gravar o primeiro clipe da banda. Mas tomamos um susto quando vimos o prêmio na televisão", contou Russo. "A notícia atolou a nossa cabeça. Foi um presente para a nossa vida e dedicamos para a Elza Soares", disse o vocalista. "Esse disco foi fruto da união com o produtor Ganjaman. Fico feliz em ver que as pessoas estão reconhecendo o novo som que vem da Bahia. Foi muito suado e resultado de anos de trabalho", completou.
Para o guitarrista Roberto Barreto, o BaianaSystem tem um projeto que mistura a icônica guitarra baiana com a cultura dos soundsystems (os famosos paredões de som, muito comuns no Norte e Nordeste). "O trio elétrico é um soundsystem ambulante", analisa Beto, que antes de montar a banda já havia tocado com a Timbalada. Boa parte das composições da banda falam sobre a maior festa popular do Brasil e desde a sua fundação, o BaianaSystem toca no carnaval de Salvador. "Embora a guitarra baiana tenha sido criada por Dodô e Osmar há 50 anos, ainda percebo nas pessoas um estranhamento com o som", analisou.
Esse estranhamento, segundo Roberto, é ainda mais evidente no exterior. "As pessoas pediam para tirar foto com o instrumento, principalmente no Japão", disse o guitarrista. "Minhas referências vão desde Led Zeppelin e Yes, passando pelos grandes guitarristas brasileiros, como Armandinho, Pepeu Gomes e Sergio Dias".
Carnaval baiano
O vocalista Russo Passapusso lembra que a motivação inicial para a criação da banda foi a insatisfação com os rumos da música baiana. "Queríamos fazer algo diferente. Algo estrambólico. Desmembramos a música, usamos a guitarra, a percussão, o frevo, o reggae e o dub. Na banda, a guitarra baiana é uma voz e eu sou a outra voz", disse.
Com essa sonoridade tão diferente, em pouco tempo a banda passou a ser convidada para participar de diversos festivais, como o New Orleans Jazz Festival, em Nova Orleans, Global Fest e Brasil Summer Fest, ambos em Nova York, Fujirock, no Japão, além de shows na Rússia, Dinamarca, China e França. No Brasil, a banda participou de festivais no Recife, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.
Passapusso lembrou que a participação em festivais ajuda ainda mais na mistura sonora que o BaianaSystem se tornou. "Depois de um festival, nosso som nunca mais fica igual. Aprendemos outros sotaques", disse o cantor. Sobre o Lollapalooza, Russo destacou que será interessante perceber como os públicos do Metallica e do Strokes vão reagir com o seu som.
"Queremos transformar o BaianaSystem em um movimento musical tão forte quanto os que foram capitaneados pelo Rappa, Nação Zumbi, Planet Hemp e Sepultura, que misturavam diversos ritmos em suas músicas", completou.
Russo apontou a faixa "Playsom", que ganhou o prêmio Multishow e entrou na trilha do game Fifa 16, como uma música que passou a transitar bem entre as crianças e os adolescentes. "É uma música leve, minimalista e foi absorvida por esse público", contou. "Os jovens funcionam como curadores. Eles ouvem o que está rolando no videogame e a coisa acontece. Trabalhamos muito com música tradicional e a cantiga. É uma coisa do interior da Bahia, onde você junta os filhos e os amigos e começa a brincar. A mesma coisa aconteceu no videogame", completou.
Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2016/10/27/apos-ganhar-disco-do-ano-cantor-diz-o-que-e-que-o-baianasystem-tem.htm
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